Ficar sozinha, por vezes, pode ser uma dádiva. No meu caso, pelo menos, a solidão traz consigo um aguçado senso de observação. Meus sentidos se elevam à quinta potência e me permitem ler e escrever com uma dose de entrega muito superior à do dia a dia, quando, geralmente, o tumulto é geral.

A leitura, por exemplo, se torna uma viagem bastante próxima do real, uma vez que a quietude possibilita um mergulho profundo no reino das palavras. Aliás, diferentemente dos mergulhos realizados na água, submergir às grandes profundidades de um texto geralmente nos traz mais oxigênio, além de eliminar qualquer possibilidade de pressão.

É verdade que a superfície tem seus encantos. Mas também é verdade que ela pode esperar.