No dia 30, estive num bate-papo sobre minha trajetória profissional lá na Biblioteca Municipal de Cubatão, capitaneada pelo historiador Welington Borges, que está comigo nessa foto. O evento fez parte das comemorações da Semana do Livro e contou com a presença de poetas, jornalistas, escritores e músicos.

Welington é um incansável e faz um esforço danado para levar iniciativas dessa natureza até o público cubatense. Fiquei muito feliz pelo convite porque morei em Cubatão uns 20 anos e foi justamente nessa Biblioteca que dei início à minha formação humanista. Lá tive acesso a Machado de Assis, Manuel Bandeira, García Márquez, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Augusto dos Anjos, Érico Verissimo, Nelson Rodrigues e tantos outros autores essenciais. Para completar, o evento me deu a oportunidade incrível de rever vários amigos queridos, muitos dos quais eu não encontrava há anos. Fiquei superemocionada com a presença deles.

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Foi o caso da Monal, Relações Públicas, colunista social, mãe, avó, apresentadora de TV… Sempre me deu uma força incrível desde os tempos mais remotos. Colocava a maior fé no meu texto, a loira… Na época em que cursávamos faculdade, ela fazia seus trabalhos e sempre vinha me pedir pra revisar o texto. Totalmente desnecessário. Ela sempre mandou muito bem. Pois no dia 30, além de ela ir me ver, ainda levou chocolates de presente. Não é fofa?

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Conheci Carlos Roque quando tinha 16 anos. Ele fazia arquitetura em Santos e eu cursava o antigo “colegial”, também naquela cidade. Íamos às aulas utilizando o mesmo ônibus, cedido pela Prefeitura de Cubatão. Ele me agüentava cantarolando música pop o caminho todo, coitado. Quando eu não cantava, tagarelava de forma exageradamente adolescente. E ele ali, me dando ouvidos, firme, paciente como Jó. Nunca reclamou. Ao contrário: me dedicava extrema atenção. Sempre foi uma gentleman. Roque foi o primeiro e único homem com quem tomei vinho branco acompanhado de um pacote de Fandangos, aquele salgadinho da Elma Chips… Nenhum de nós se lembra bem de como fomos parar na cozinha lá de casa munidos desses produtos, digamos, tão díspares. O mais engraçado foi ver a cara da minha mãe chegando, de repente, e presenciando cena tão insólita.

Lembro como se fosse hoje dele me mostrando suas poesias e desenhos geniais. Roque é lírico do dedinho do pé até o último dreadlock. É especialista em construir casas e sonhos. Adoro.

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Fiquei passada com a presença do meu amigo Gilberto Freitas lá no evento… Eu o conheço há uns 20 anos e, desde então, ele sempre trabalhou vinte mil horas por dia. É advogado lá na Prefeitura, além de ter um escritório particular também. Tem uma agenda lotada. Vive fazendo reuniões, recebendo clientes, estudando causas… Chegou só uns 10 minutos atrasado e ficou até o final do bate-papo… E eu me senti a rainha da cocada preta por isso.

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Minha amiga Cléia, que cursou Tradutor Intérprete comigo no antigo “colegial” (sim, eu sou uma pessoa antiga), saiu correndo do trabalho, lá em Santos, para levar sua presença maravilhosa ao bate-papo. Gente… Fazia uns 10 anos que nós não nos víamos e eu queria era ter tempo de colocar todos esses anos de fofoca em dia com ela…

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Com o poeta e dramaturgo Marcelo Ariel, autor de “Tratado dos Anjos Afogados”, editora Letra Selvagem, 2008, e “Me enterrem com minha AR-15”, edição Dulcinéia Catadora. Desde que comecei a freqüentar a Biblioteca de Cubatão, Ariel era presença constante, sempre falando de livros, autores, poesia, prosas… Seu último livro teve excelente acolhida da crítica e ele é, de longe, a personalidade cultural mais renomada da cidade. Fiquei toda prosa com a presença dele lá.

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Acreditem ou não, eu já fiz teatro. E o Ivan da Conceição era meu colega de turma, nos idos de mil novecentos e naftalina. Deus tem nos convervado bem. Amém. Se eu tivesse competência e paciência seria atriz, mas acho tão cansativo que resolvi deixar a tentativa para a próxima encarnação. Escrever combina mais com meu jeito solitário de trabalhar. Trabalhos em grupo me dão calafrios. Se necessário eu até que trabalho, mas, realmente, não é minha preferência. E esse perfil “eu comigo mesma” não combina em nada com o teatro. Até para encenar um monólogo é preciso uma infinidade de gente nos bastidores. Pois o Ivan nasceu pra isso. Sua próxima empreitada é montar um texto da minha querida Hilda Hilst. Cabra bom, esse Ivan!

Lembro-me dele tentando me “coreografar” certa vez. Dançamos juntos num evento em Cubatão… Não tenho idéia de que evento era aquele. Sei que usei um vestido lindo e emprestado. Sei também que dançamos ao som de “Vaca profana”, do Caetano. Tinha de ser com Caetano ao fundo, claro. Ivan é, antes de tudo, um santo. Explico: eu sou uma péssima dançarina. E que Deus me perdoe por tê-lo feito pagar mico ao meu lado.