Na última quarta-feira, 21, comecei meu dia fazendo tudo, religiosamente, como de costume… Levantei bem mais tarde do que gostaria, me culpei tremendamente por isso, jurei pra mim mesma que pararia de ir dormir de madrugada (faço esse juramento todos os dias e nunca cumpro), tomei café, liguei o computador e acessei o caderno Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo. De cara, me chamou a atenção o texto Encontro com Saramago em Cinema de Lisboa, assinado por Fernando Meirelles, diretor do filme Ensaio sobre a cegueira – longa baseado na obra homônima de Saramago. Já é notório para os que acompanham o noticiário de cultura que 80% da crítica meteu o pau no filme. Por isso mesmo, imagino o frio no estômago que o premiado diretor de Cidade de Deus e de O jardineiro fiel não estava sentido na hora de mostrar a película ao homem responsável pela história que deu origem a ela.

Pois justamente nesse texto publicado na Ilustrada o cineasta descrevia, de modo emocionante, as impressões vividas por ele quando da apresentação do filme a Saramago. Meirelles também detalha o modo como o autor português reagiu, ao final da sessão… E eu, que choro até em comercial de margarina, me acabei em lágrimas após terminar de ler o texto – comovida até a medula com toda a situação descrita… E ontem à noite, só me restou chorar ainda mais ao ver esse vídeo maravilhoso (enviado pela minha irmã), mostrando toda a cena que havia sido descrita por Meirelles no jornal … É claro que ainda não vi o filme. Mas, pra mim, definitivamente, ele já fez história.