Um barco remete à viagem,
ao porto, silêncio, saudade,
ao mar infinito e ao vento,
ao sonho de outras paisagens.

Barco é paixão de sereia,
sustento do bom pescador,
é verso e canção de Caymmi,
tem sempre uma história de amor.

O barco é refúgio pra ilha,
travessa para outro oceano,
roteiro para uma Odisséia,
de Ulisses que vai navegando.

O barco é o rumo da vida,
é descoberta do Oriente,
das Índias, das especiarias,
dos chás, dos tecidos, sementes…

O barco é a pirataria,
o saque, o gancho, o capitão
bandeira preta com caveira
(carrancas como assombração!)

Na proa, na popa, convés,
no mastro, no cabo, timão,
no casco, na vela, escotilha:
o barco é irmão da solidão.

O barco é a casa do herói,
que cruza sem medo oceanos,
desbrava, conquista, liberta
descobre, desvenda, desperta.

O barco é tema do poeta,
é rima, estrofe, canção.
É o Norte, tesouro, acolhida,
é tempestade e despedida…

O barco é um estar à deriva,
a vida e o seu vaivém,
um lindo quadro impressionista.
O barco é tudo o que se tem.

O barco me leva a Pasárgada
e lá sou a amiga do rei,
me deito com os homens que quero,
nas camas em que escolherei!

Goimar Dantas
Ilhabela (Litoral Norte de São Paulo)
17-11-2007