Ontem à noite eu vi
Toda a beleza da lua
Grande bola, branca, nua…
Linda dama a me saudar

Ao esperar pelo trem,
Parada, em plena Estação,
Ergui os olhos do chão
E encontrei o luar…
Pensei em Deus, nesse instante,
E agradeci, radiante
Por essa visão sem par

E a índia que ainda sou
Potiguar tão ancestral
Lembrou-se do seu quintal
(que era toda a natureza)
Aldeia a não ter mais fim
Sertão, veredas em mim!
Luares, rios, cachoeiras…

E a mística dessa cena
Escorre, lápis a fora
Nestes versos, neste agora
Nesta homenagem tão minha
A esta lua sozinha
Brilhante a iluminar

Minha vida nesta selva
Tão urbana, tão concreta!
Um horizonte de metas
Que insisto em arquitetar…

E aqui eu vou me embrenhando
Vou guerreando, caçando
Escrevendo e articulando
Sonhos grandes como o mar

Meu querer é como o mundo
Enorme, poço sem fundo
Ninguém pode me parar!

Cavo as oportunidades
Com a enxada das vontades
Pra semear amanhãs

Mas em noites como essa
Esqueço de guerrear…
Pois meu Ser Tão desabrocha
E viro moça da roça
Quando vejo esse luar…

Goimar Dantas
São Paulo
20-05-08