São Paulo. Fonte de supresas, alegrias, oportunidades, dramas. Ontem, presenciei uma das cenas mais dantescas de toda a minha vida… Por volta das 14h30, eu estava em um escritório, ao lado do Conjunto Nacional – que é um dos lugares que mais amo em São Paulo -, quando aconteceu a explosão do sistema de ar condicionado de uma academia de ginástica localizada naquele prédio. Foi um barulho ensurdecedor, aterrorizante. Imediatamente pensei que uma bomba tinha sido detonada na Paulista. Lembrei das imagens chocantes do World Trade Center vindo abaixo… Fiquei com medo e, como todo mundo que estava comigo, corri até a janela pra saber o que havia sido aquilo. E foi então que vimos aquele pobre homem em chamas, gritando desesperado por ajuda no terraço do Conjunto Nacional… Comecei a tremer, meu coração foi a mil… Eu fechava os olhos com força como se isso pudesse, de alguma forma, apagar aquela imagem da minha cabeça para sempre…
Pouco depois, descobrimos a causa da explosão e soubemos que o homem que tínhamos visto era um dos dois técnicos que faziam a manutenção do ar condicionado… De acordo com o noticiário, seu nome é Santo Galli Sobrinho, tem 51 anos, está na UTI do Hospital das Clínicas, com 60% do corpo queimado e corre risco de morte…
O resto da tarde caótica foi completada com bombeiros, polícia, sirenes, trânsito interditado, equipes de TV, rádio e internet circulando no local.
Fico pensando na família daquele homem.
Fico pensando se ele vai sobreviver.
Fico pensando na luta que terá de travar para se recuperar…
Fico torcendo para que consiga.
Fico rezando…

Um dia antes, eu tinha saído do mesmo escritório encantada, como sempre, com a Paulista, suas livrarias, sua vida intensa, seus transeuntes que, como eu, estão geralmente apressados, atrasados… Já era quase oito da noite e eu precisava caminhar de onde estava até a Rua da Consolação, que fica a 10 minutos dali. Ao chegar lá, entrei pela passagem subterrânea que nos possibilita atravessar para o outro lado, uma vez que não há faixa de pedestres naquele trecho. No interior da tal passagem, a surpresa: um corredor tomado por bancas de livros usados e seus vendedores, todos emoldurados pelas paredes cobertas de fotografias de revistas mostrando astros hollywoodianos dos anos 40 e 50… Quase perdi o fôlego quando vi aquilo, mas, dessa vez, positivamente…

É incrível como morar em São Paulo faz da nossa vida um filme cotidianamente surpreendente, para o bem ou para o mal.
Estou lutando desde ontem para resgatar a imagem dos astros hollywoodianos dos filmes água com açúcar dos anos 50, em detrimento da imagem dramática que me lembrou os filmes-catástrofe que vêm sendo produzidos pela mesma Hollywood com freqüência cada vez maior.

Postei aqui a única imagem cinematográfica que eu gostaria de guardar, mas sei que ela jamais poderá ser tão forte a ponto de suprimir a outra…

Fico aqui rezando…

Goimar Dantas
São Paulo
23-07-09