Toda a minha poesia não tece as tramas de um dia,
Não lança luz sobre as trevas,
Não ressuscita ninguém.

Toda a minha poesia flerta é com a covardia
Posto que é mero recurso
De se “dizer” e não “ser”.

Meus versos não ganham guerras, batalhas, conflitos vãos.
Não libertam prisioneiros,
Não têm receita pra dor.

Meus versos não abrem portas,
Não têm a chave da casa,
Não trazem meu pai de volta,
Não me dão explicações.

Por outro lado, eu entendo que minha poesia é jorro,
Exposição, desaforo,
um drible em Dona Opressão.

Minha poesia é expressão dos meus desejos, vontades…
Grito pleno de saudade, espelho de sensações.
Pode também ser lamento, alusão, desilusão,
Um misto de céu e chão (onde se pode flanar).
Barranco, escora, montanha, todo o mar que se admira
Lá longe se arrebentar.

No fundo
toda a poesia tem alguma serventia,
Seja de noite ou de dia
Pode aos homens encantar.
E provocar um sorriso,
E revelar um mistério,
E ser mais leve que o ar…

Poesia não tece o dia,
Mas é um fio condutor
Que nos mostra
(e nos transporta)
A um mundo paralelo…

Um reino de um só castelo
Onde o rei e a rainha
São a Beleza e o Amor.

Goimar Dantas
São Paulo
05-04-09